A exposição O Real Intocável, composta por dez trabalhos inéditos, tem como inspiração a série Airshaft (para Piranesi), em desenvolvimento desde 2008 (composta por imagens digitais, vídeo e videoinstalação) as quais estabelecem, desde o início, um diálogo afinado com a obra do artista do século XVIII Giovanni Battista Piranesi, intitulada Carceri d'Invenzione.

Na atual exposição, preparada para a Galeria Silvia Cintra, os trabalhos ampliam os questionamentos da série original, dentre eles, as relações entre “design, ordem e estrutura destinados à fragmentação, desordem e dissolução” e a tensa relação entre natureza e artifício, entre pureza e contaminação. Da mesma forma como Piranesi retoma as “históricas ruínas arquitetônicas com um design imaginário orientado para o futuro”, tomo fragmentos de imagens da série Airshaft, lanço mão de minerais, de materiais industriais e especulares como ponto de partida para criar o que imagino serem ruínas do futuro e cartografias contaminadas, a fim criar um universo que transita entre o arqueológico, o urbanismo antinatural e manufaturado, a geometria, o asséptico e a vida orgânica. As formações geológicas, orgânicas e opacas, da superfície dos mármores verdes são como paisagens cortadas cirurgicamente por filetes metálicos que ajustam uma demarcação topológica ritmada e se justapõem a caligrafias quase cartográficas, arabescos em microfonia, impressos sobre materiais transparentes e espelhados, fazendo surgir uma espécie de labirinto no vazio.