É um discurso, uma conversa. Diferentes vozes ecoam no salão. Algaravias. A exposição é a música desse excesso. O que o ouvido escolhe captar. A vida não é só a praticidade das coisas. Título surrupiado das notas do poeta Pedro Rocha traz muito da vontade que corta a mostra.

Em comum, a palavra, elemento de destaque. Do institucional ao diário. Do permanente ao esquecido. Do instinto ao tramado. Do que não se deixa esquecer. Palavra como imagem, que de fato também é. Palavra como combinação. Essa amostra é uma pequena tentativa de observar camadas, abrir as caixas e ver dentro, entre, sobre, ao redor. Chave e tranca. Encaixar caminhos possíveis como se as imagens fossem frases que ao encostar em outra superfície, ainda outra se abre. A vida não é só. Furos sobre a superfície e algum tempo pra pensar. 

Em uma época em que o futuro boia sobre a lama e o horizonte parece sumir na neblina da ignorância, tentamos aqui abrir, mais do que fechar sentidos, para que o pensamento brilhe. A vida não é.

Compartilhar contatos, vozes, superfícies por onde escorrem outros sonhos. Falar a língua de outro para evitar que a palavra chape. Para que ela expanda. Queima. É o corpo que brilha, é o sangue que brilha, é a língua que ferve. Uma supernova a cada minuto. À vida. 

Omar Salomão

Curador