[português]
Desde 1998, a artista utiliza uma mistura de expressões cotidianas e frases idiomáticas de vários idiomas para incorporar o texto como um componente conceitual significativo em seu trabalho. Esta abordagem revela uma perspectiva crítica sobre o emprego de mecanismos globais para escapar das pressões da vida contemporânea e construir uma noção enganosa de auto-empoderamento. Uma das citações mais instigantes está gravada na superfície da escultura de Tavares, Inventory Control, composta por dezesseis espelhos. A citação, retirada do filme Revolutionary Road, e falada pelo personagem de Leonardo Dicaprio, Frank Wheeler, incorpora o materialismo emergente dos anos 1950: “Saber o que você tem, saber o que você precisa, saber o que você pode viver sem – isso é inventário de controle.” Embora esta frase possa ser vista como um valioso conselho de vida, sobretudo se substituirmos “inventário de controle” por “autocontrole” ou “felicidade”, a própria escultura, que se assemelha aos espelhos curvos encontrados nas lojas para monitorizar os clientes tem conotações negativas. Essa entrega à observação pode levar a uma aceitação semelhante do controle governamental sobre o “inventário humano”, como visto na ditadura do Brasil.
[inglês]
Since 1998, the artist has been utilizing a blend of everyday expressions and idiomatic phrases from a variety of languages, to incorporate text as a significant conceptual component in their work. This approach uncovers a critical perspective on the employment of global mechanisms to escape the pressures of contemporary life and constructing a deceptive notion of self-empowerment. One of the most thought-provoking quotes is etched into the surface of Tavares’s wall-mounted sculpture Inventory Control, consisting of sixteen mirrors. The quote, taken from the film Revolutionary Road, and spoken by Leonardo DiCaprio’s character, Frank Wheeler, embodies the emerging materialism of the 1950s: «Knowing what you’ve got, knowing what you need, knowing what you can live without — that’s inventory control.» Although this phrase could be seen as valuable life advice, particularly if we substitute «inventory control» for «self-control» or «happiness,» the sculpture itself, resembling the curved mirrors found in stores for monitoring shoppers, has negative connotations. This surrender to observation may lead to similar acceptance of governmental control over «human inventory,» as seen in Brazil’s dictatorship.