[português]

  A obra foi influenciada por projetos anteriores da artista que exploraram o legado do paisagista e artista plástico brasileiro Roberto Burle Marx e a natureza tropical. O Rio Negro é o maior afluente da margem esquerda do rio Amazonas, que nasce na Colômbia e atravessa uma parte significativa da Amazônia brasileira. Esta região também inclui territórios indígenas que foram fortemente explorados por grileiros e garimpeiros ilegais, levando à poluição da água e da terra e criando desafios de sobrevivência para os povos indígenas. O curso sinuoso do rio é replicado pelas formas ondulantes feitas de plexiglass preto, sobre as quais estão dispostas várias vitórias-régias. Em comparação com outros nenúfares de crochê criados por artesãos brasileiros que podemos encontrar em outras obras como as da série Hieróglifos Sociais, os desta obra possuem uma estética mais geométrica e pura. Aqui, a artista optou por criar versões em escala menor da Vitória Régia e experimentar novas formas e cores usando metais como latão, ouro e nióbio colorido. Fechados em uma vitrine de plexiglass, esses Euriallys Amazônicas servem como um poderoso símbolo da crença fundamental da cosmologia indígena de que os humanos e a natureza estão inextricavelmente ligados. Além disso, eles fazem alusão à luta contínua dos povos indígenas contra os efeitos nocivos da mineração ilegal e do desmatamento em suas terras e meios de subsistência.

[inglês]

The artwork was influenced by previous projects of the artist that explored the legacy of Brazilian landscape designer and artist Roberto Burle Marx and tropical nature. Rio Negro is the largest tributary of the Amazon River’s left bank which begins in Colombia and flows through a significant portion of the Brazilian Amazon. This region also includes indigenous territories that have been heavily exploited by illegal land grabbers and miners, leading to pollution of the water and land and creating survival challenges for the indigenous people. The sinuous course of the river is replicated by the undulating shapes made of black plexiglass, upon which several Victoria regia water lilies are arranged. Compared to other crochet water lilies created by Brazilian artisans that we can find in other works like those part of the Social Hieroglyphs series, the ones in this artwork possess a more geometric and pure aesthetic. Here, the artist chose to create smaller-scale versions of Victoria regia and to experiment with new shapes and colors using metals like brass, gold, and colored niobium. Enclosed in a plexiglass vitrine, these Euriallys Amazonicas serve as a powerful symbol of the indigenous cosmology’s fundamental belief that humans and nature are inextricably linked. Moreover, they allude to the ongoing struggle of indigenous peoples against the damaging effects of illegal mining and deforestation on their land and livelihoods.