[português]
A obra “Parede Loos com Paraíso (da série
Bunker – O Homem Ilha)” simula a fachada de uma casa projetada por Adolf Loos
para Josephine Baker, mas que nunca foi construída. As listras pretas e brancas
da fachada são transpostas para as paredes do interior do espaço do museu, onde
um vídeo é projetado para dar vida e movimento à arquitetura. A videomontagem é
criada com base na construção de uma maquete virtual da casa de Baker usando
técnicas digitais de animação, combinada com a obra “Paraíso (da série Bunker –
O Homem Ilha)” e imagens da natureza tropical capturadas em filmes antigos.
A obra explora a dualidade entre a arquitetura
e natureza, usando a casa de Baker como um símbolo de uma arquitetura
horizontal que encapsula e isola os indivíduos. A natureza real é apresentada
como inacessível e transformada em uma miragem ou sonho, enquanto a arquitetura
representa um mecanismo de controle e normalização. A obra também aborda a
relação entre o conceito de paraíso, associado tanto à natureza quanto à
utopia, e o conceito de “O Homem Ilha”, onde o indivíduo é despersonalizado e
transformado em um objeto naturalizado.
A utilização das imagens dos bunkers
feitos de aço inox e vidro sugerem uma ambiguidade, representando tanto uma
arquitetura horizontal como um mecanismo de controle. Esses bunkers também são
associados a piscinas, destacando a construção artificial do ambiente.
Essa obra faz uma reflexão sobre a relação
entre a arquitetura, a natureza e a ideia de paraíso, ao mesmo tempo em que questiona
a forma como o “natural” é assimilado e normalizado pela sociedade moderna
brasileira.
[inglês]
The work “Parede Loos com Paraíso (from
the series Bunker – O Homem Ilha)” simulates the facade of a house designed by
Adolf Loos for Josephine Baker, but which was never built. The black and white
stripes of the façade are transposed onto the interior walls of the museum
space, where a video is projected to give life and movement to the
architecture. The videomontage is created based on the construction of a
virtual model of Baker's house using digital animation techniques, combined
with the work “Paraíso (from the series Bunker – O Homem Ilha)” and images of
tropical nature captured in old films.
The work
explores the duality between architecture and nature, using Baker's house as a
symbol of a horizontal architecture that encapsulates and isolates individuals.
Real nature is presented as inaccessible and transformed into a mirage or
dream, while architecture represents a mechanism of control and normalization.
The work also addresses the relationship between the concept of paradise,
associated with both nature and utopia, and the concept of “The Island Man”,
where the individual is depersonalized and transformed into a naturalized
object.
The use
of images of bunkers made of stainless steel and glass suggest an ambiguity,
representing both a horizontal architecture and a control mechanism. These
bunkers are also associated with swimming pools, highlighting the artificial
construction of the environment.
This work
reflects on the relationship between architecture, nature and the idea of
paradise, while at the same time questioning the way in which the “natural” is
assimilated and normalized by modern Brazilian society.
Ana
Maria Tavares, 2014