21ª Bienal Internacional de São Paulo
Data / Date
1991
Local / Location
Fundação Bienal
Cidade / City
São Paulo

As peças de Ana Maria Tavares se caracterizam pela intensa relação que estabelecem com o observador e com o entorno. Concebidas na fronteira entre o objeto utilitário e a escultura "abstrata" suas peças provocam sensações de familiaridade e estranhamento, ao mesmo tempo que potencializam o espaço onde se inserem. Cada objeto de Tavares explora todos os seus elementos contribuindo para reforçar a dúbia configuração de cada um. Note-se o Gontainer. Tavares opera nos dois elementos constitutivos do objeto: do container propriamente dito retira-lhe a função de conter algo com segurança, configurando-o como um cubo vazio. Já seu suporte reforça a inutilidade do elemento que sustenta, pois sua altura desmesurada lhe retira qualquer possibilidade de uso. O observador, com a primeira percepção da aparência familiar de tal objeto, aproxima-se como se pudesse utilizá-lo como extensão de seus membros. Próximo, percebe que nem a flexão incômoda de todo o corpo para acompanhar a verticalidade absurda de sua estrutura consegue abarcá-lo em sua totalidade. Frustrado, distancia-se e passa a observá-lo, perplexo com a capacidade de aquele objeto aparentemente tão comum guardar estranhos mistérios sobre ele próprio e sobre o espaço que ocupa. 

Tadeu Chiarelli 


The works of Ana Maria Tavares are fully centered on their observers and surroundings. Hovering between usefulness and the condition of abstract sculptures, they seem familiar and yet strange, while charging their own space. Exploiting the extreme boundaries of each and everyelement, they enhance the ambiguity of their shapes. Look at Container. Tavares addresses both the constructive aspects of the object, of the container itself, and the abstraction of its containing function, construing it as an empty cube. The incommensurate height of the support accentuates the futility of the supported object, which precludes any possibility of use. Aware of its familiar shape, beholders approach the object as if intending to use it as an extension of their limbs, only to perceive that not even by stretching and bending over backwards would it be possible to pursue that absurd verticality and embrace it entirely. Frustrated, they move away nonplussed by the glimpse of mystery afforded by such an everyday object in its space. 



Vista geral da exposição 21ª Bienal de São Paulo, na Fundação Bienal, São Paulo, 1991. Créditos: Eduardo Brandão.


Vista geral da exposição 21ª Bienal de São Paulo, na Fundação Bienal, São Paulo, 1991. Créditos: Eduardo Brandão.


Vista geral da exposição 21ª Bienal de São Paulo, na Fundação Bienal, São Paulo, 1991. Créditos: Eduardo Brandão.


Vista geral da exposição 21ª Bienal de São Paulo, na Fundação Bienal, São Paulo, 1991. Créditos: Eduardo Brandão.


Vista geral da exposição 21ª Bienal de São Paulo, na Fundação Bienal, São Paulo, 1991. Créditos: Eduardo Brandão.