Pandanus, 2013
Dimensão / Dimension
75 m2
Categoria / Category
instalação
Material / Materials
Palha de bananeira, espuma de polietileno expandido, papel craft, juta e aço carbono / Banana tree straw, expanded polyethylene foam, craft paper, jute yarn and carbon steel

A exposição Natural-Natural: Paisagem e Artificio (2013), projeto especialmente pensado para a cidade de Fortaleza, com itinerância em Juazeiro do Norte, reuniu o resultado de experiências estruturadas a partir de laboratórios investigativos e pensados como plataformas de “formação e informação expandidas”.

Todo projeto se deu a partir de quatro oficinas permanentes, chamadas Laboratórios de Imersão que foram formulados tendo como enfoque a produção de Roberto Burle Marx (1909-1964) em Fortaleza, na década de 1960 com o estudo de caso de dois de seus jardins projetados para a cidade – o jardim do Edifício Passaré, sedo do Banco do Nordeste, e o jardim do Theatro José de Alencar. Estes laboratórios, realizados de fevereiro a julho de 2013, visaram a investigação de técnicas, processos e materiais para a produção de obras de arte em colaboração com artesãs, artistas e designers locais. Buscamos referências importantes em arquivos da cidade enfocando sua história e as tensões das disputas territoriais claramente presentes nos grupos de defesa do meio ambiente e da especulação imobiliária.

Uma vez iniciados os trabalhos dos laboratórios de imersão muitas investigações de técnicas e processos se deram. Naturalmente, o exercício de rever minha produção e a produção da artesania local passou a ser tarefa de interesse coletivo e foi, aos poucos, favorecendo uma convivência continuada de temporalidades que dilatou ainda mais o sentido do presente. Passado e presente se embrenharam numa única polifonia amplificando nossos sentidos. Ao buscar Burle Marx, encontramos uma vegetação exótica, o Pandanus e ao examinarmos Pandanus encontramos elementos já presentes nas minhas obras das décadas de 1980 e 1990. As discussões coletivas sobre espaço, material e técnica nos levou a ampliar o gesto artesanal para uma escala ainda inédita. Assim instaurou-se uma circularidade cuja consequência foi a constatação de que por meio de Pandanus, estávamos também construindo um diálogo afinado entre o pensamento de Burle Marx, a arte e a artesania. 

Encontrar no sertão do Ceará uma comunidade que inventa e desenvolve uma técnica de aproveitamento de matéria natural, a palha de bananeira, a qual permite a confecção de qualquer tipo de forma e objeto, nos inspirou a prosseguir em direção à realização da instalação Pandanus.

Em minhas instalações e intervenções em arquiteturas – e também nas cidades – tenho me dedicado a interrogar a arquitetura moderna por meio de ações dialógicas entre espaço e sujeito, forma e conteúdo, quer intercambiam saberes e privilegiam uma produção artística reativadora dos espaços, arquivos e ideologias. Assim, a proposta da exposição Natural-Natural: Paisagem e Artificio pretendeu se afirmar como a instauração de um lugar orgânico, processual e dialógico, cujo resultado foi uma produção artística colaborativa, construída na confluência dos campos da artesania popular, da arte, da arquitetura e do paisagismo, presentes na cultura moderna do Ceará, em especial da cidade de Fortaleza.

Artesãos Convidados – Palha de Bananeira: Freuda Maria Lima de Sousa, Lúcia de Castro Costa, Lucilene Costa Melo, Maria Cleonice Gomes de Sousa, Maria de Jesus Rodrigues de Sousa, Maria Sueli Costa Lima, Rômulo de Sousa Carvalho, Stalin de Sousa Carvalho.


Vista da exposição "Natural-Natural: Paisagem e Artifício", no Museu de Arte Contemporânea Dragão Mar, Fortaleza, 2013. Créditos: João Pini.


Vista da exposição "Natural-Natural: Paisagem e Artifício", no Museu de Arte Contemporânea Dragão Mar, Fortaleza, 2013. Créditos: João Pini.


Detalhe da obra Pandanus, 2013. Créditos: João Pini.


Detalhe da obra Pandanus, 2013. Créditos: João Pini.


Detalhe da obra Pandanus, 2013. Créditos: João Pini.


Detalhe da obra Pandanus, 2013. Créditos: João Pini.