Pintura como Meio - 30 Anos Depois
Data / Date
2014
Local / Location
MAC USP Ibirapuera
Cidade / City
São Paulo

Partidária da visão prospectiva do MAC USP – uma das características do Museu, formulada por seu primeiro diretor, Walter Zanini –, em 1983, Aracy Amaral, então diretora da Instituição, acolheu o projeto do então jovem artista Sergio Romagnolo que, com mais quatro colegas, propunham ao Museu a mostra Pintura como Meio .

Passadas três décadas daquela iniciativa, não há como negar como foi certeira a aposta de Aracy Amaral. Hoje, Leda Catunda, Ciro Cozzolino, Sergio Niculitcheff, Sergio Romagnolo e Ana Maria Tavares – os então jovens protagonistas daquela mostra – tornaram-se cinco dos mais atuantes artistas brasileiros. Rever alguns de seus trabalhos que participaram daquela exposição, ao lado de suas produções mais recentes, confirma o quanto valeu confiar naquela ideia de Romagnolo, o quanto é fundamental para um museu de arte contemporânea nunca perder sua dimensão prospectiva.

O MAC USP, no processo de implantação de sua Nova Sede, ao abrigar Pintura como Meio: 30 Anos Depois , com curadoria de Katia Canton, prossegue suas atividades apresentando outra de suas características: refletir sobre o passado recente da arte e do seu papel como instituição museológica. Se em 1983, exibir Pintura como Meio era optar pelo presente e pelo futuro da arte, reconfigurar aquela mostra agora em 2014, é entender a necessidade de revisões críticas e constantes de seu próprio passado enquanto museu público e universitário.

É justamente entre as dimensões prospectiva e retrospectiva que o MAC USP encerra, portanto, com esta mostra, a primeira fase do processo de implantação de sua Nova Sede. Em um rápido olhar sobre o que a Instituição ora apresenta no monumental edifício concebido por Oscar Niemeyer, o visitante perceberá que, por um lado, o MAC USP apresenta exposições que apostam em outros olhares sobre seu acervo (agora em franco processo de renovação), e isto porque a dimensão prospectiva está não apenas na divulgação de novos valores para a arte do presente, mas também nas estratégias que a Instituição escolhe para mostrar a história da arte que deseja constituir. Por outro lado, nesse mesmo rápido olhar, o público também encontrará mostras que investem no resgate de aspectos da história da própria Instituição. Pintura como Meio: 30 Anos Depois ” (assim como Por um Museu Público: Tributo a Walter Zanini ), se insere nessa última opção. É que o MAC USP está certo de que, recuperar partes de sua própria história, é resgatar para o público elementos fundamentais para uma compreensão menos tópica do seu próprio presente.

Tadeu Chiarelli

Diretor